indústrias cerâmicas da região Sul de Santa Catarina estão descontentes com os valores pagos pelo uso do gás natural como fonte de energia. Por isso, o setor estuda a possibilidade de voltar a usar o carvão mineral nos processos de termoaquecimento das empresas. Até o ano 2000, esse era o combustível utilizado pelas cerâmicas, mas o processo mudou depois que o Governo do Estado passou a incentivar o uso do gás natural vindo da Bolívia.
No entanto, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Cerâmicas (Sindiceram), Otmar Muller, a Companhia de Gás Santa Catarina (SC Gás), detentora do contrato de concessão do combustível no estado, aumentou o valor do gás em 17,7% desde o ano passado e prevê mais um aumento de 20% para este ano. "Estamos sob ameaça de um aumento expressivo do gás natural, o que torna evidente a necessidade de voltar à matriz energética anterior, usando mais o carvão mineral, principalmente nas etapas iniciais do processo", explica o presidente do Sindiceram.
Muller também conta que as empresas cerâmicas da região são prejudicadas porque em outros estados brasileiros o gás natural é mais barato, como o que é fornecido pela Petrobrás para outras empresas do setor. Com isso, as cerâmicas daqui perdem competitividade, pois 70% de sua produção vai para a região Sudeste do país.
Caso seja decidido pela volta do uso do carvão mineral, as indústrias cerâmicas devem estar preparadas, pois o processo de adequação leva cerca de oito meses e o investimento será significativo. Otmar Muller afirma que, dependendo da empresa, o valor para concluir a mudança pode chegar a R$ 8 milhões.
Do outro lado da questão está o setor de extração de carvão mineral no estado, que já estuda formas de transformar a matéria-prima em um gás adequado para a produção cerâmica. "Teria que ser um gás lavado, filtrado, utilizado de maneira limpa. Esse gás pode ser o gás de carvão e é isso que vamos estudar", destaca o assistente técnico do Sindicato da Indústria da Extração de Carvão de Santa Catarina (Siesesc), Cláudio Zilli.
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