Empresa decidiu investir sozinha no plano que tem como objetivo desenvolver capacidade de produção de 24 milhões de toneladas de minério de ferro por ano em 2020
A Gerdau desistiu de buscar um parceiro para desenvolver seus ativos de minério de ferro, e optou por seguir sozinha no plano de investimento de R$ 1,8 bilhão que deve garantir à maior produtora de aços longos das Américas autossuficência no insumo no Brasil e sobra de material para ser vendido no país e no exterior.
Depois de um processo que já durava cerca de um ano, a empresa decidiu investir sozinha no plano que tem como objetivo desenvolver capacidade de produção de 24 milhões de toneladas de minério de ferro por ano em 2020, mais do que o triplo das necessidades atuais da usina da empresa em Minas Gerais, de cerca de 7 milhões de toneladas.
A empresa, que trabalhava com avaliação de que possuía reserva de 2,9 bilhões de toneladas de recursos minerais em Minas Gerais, descobriu após estudos que o volume é de 6,3 bilhões de toneladas, com teor de ferro acima de 40%.
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Apesar disso, a Gerdau não conseguiu atrair propostas dentro de suas expectativas de vários investidores americanos, europeus e asiáticos que foram procurados pelo Goldman Sachs, banco contratado pela empresa para ajudar na busca de um sócio.
A opção de fazer uma abertura de capital de parte dos ativos por meio de uma oferta inicial de ações também está descartada, disse o vice-presidente financeiro, Osvaldo Schirmer, em sua última teleconferência de resultados do grupo antes de se aposentar no final deste ano. Ele não revelou qual era a expectativa que a Gerdau tinha para o recebimento das propostas.
Com isso, a empresa, que já está investindo R$ 838 milhões para ampliar a capacidade de produção de minério de ferro para 11,5 milhões de toneladas em 2013, vai aplicar mais R$ 500 milhões para elevar esse volume para 18 milhões de toneladas até 2016.
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Além disso, outros R$ 500 milhões serão aportados para a construção de um terminal ferroviário em Miguel Burnier (MG)para escoamento da produção mineral. A Gerdau ainda avalia plano para construir um terminal portuário em Itaguaí (RJ) para exportações.
Às 14h01, as ações da Gerdau exibiam queda de 0,51%, enquanto o Ibovespa mostrava alta de 1,24%.
Resultado dentro do esperado
Mais cedo, a Gerdau divulgou queda anual de 43% no lucro líquido do terceiro trimestre, para R$ 408 milhões, dentro do esperado pelo mercado e pressionada por um cenário "mais difícil" que o inicialmente esperado, marcado por queda no desempenho operacional das unidades da empresa nas Americas Latina e do Norte, segundo Schirmer.
O balanço saiu no mesmo dia em que a Usiminas divulgou prejuízo maior que o esperado pela média do mercado, de R$ 125 milhões e depois que a CSN anunciou na véspera queda de 85% no lucro do terceiro trimestre, pressionada por aumento de custo nos produtos vendidos.
Com a queda no resultado positivo e na geração de caixa, a relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Gerdau passou a 2,8 vezes ao final de setembro ante patamar de 2,1 vezes registrado um ano antes.
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Segundo Schirmer, o endividamento da Gerdau em relação à capitalização do grupo não passa de 30%. "O nível endividamento é baixo, o que está sendo difícil de conviver no momento é com o estreitamento das margens que ampliou a alavancagem pela menor geração de caixa".
Apesar disso, o executivo comentou que a Gerdau tem cerca de US$ 1,5 bilhão em disponibilidades financeiras, "e para os próximos trimestres nós talvez baixemos um pouco a liquidez para diminuir a alavancagem. Se os negócios melhorarem e as margens se ampliarem, faremos mais, inclusive".
Investimento
Junto com o resultado, a Gerdau divulgou que vai investir R$ 460 milhões para construir uma nova aciaria na usina Riograndense, em Sapucaia do Sul (RS). A nova unidade, com capacidade para 650 mil toneladas por ano, deverá entrar em operação no segundo semestre de 2015, substituindo instalação atual com capacidade de 450 mil toneladas.
O anúncio seguiu-se ao plano da Gerdau de retomar projeto de R$ 1,1 bilhão para construção de uma nova usina no México, por meio da joint-venture Gerdau Corsa, divulgado em agosto.
A Gerdau divulgou no balanço que diante das "incertezas do mercado econômico mundial" decidiu revisar seu plano de investimento de R$ 10,3 bilhões até 2016 e que vai divulgar um novo orçamento em fevereiro.
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Segundo o presidente-executivo da companhia, Andre Gerdau Johannpeter, o montante de R$ 1 bilhão em mineração não estava previsto no plano de investimento atual.
"Nós estavamos desde o trimestre anterior fazendo uma avaliação mais criteriosa de todos os investimentos (...) estamos revisando o plano também frente à nova estratégia de mineração", disse Gerdau.
Ele classificou a revisão como um "processo natural" e que é cedo para dizer se o volume total de recursos poderá ser ampliado ou reduzido, diante das incertezas da economia global nos próximos anos com a crise da Europa e desaceleração da China.
Por ora, a Gerdau trabalha com cenário de crescimento do Produto Interno Bruto do Brasil de 4% em 2013, após expansão esperada de apenas 1,5% neste ano.
Enquanto isso, o consumo de aço pelo país deve passar de estimadas 25,9 milhões de toneladas para 2012 (alta de 3,3% sobre 2011) para 27 milhões de toneladas.
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