Crise mundial e freada chinesa devem derrubar os lucros da maior produtora de minério de ferro do mundo
São Paulo – Os números trimestrais que a Vale deve divulgar nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado, não causam esperanças no mercado. A crise global fará com que a empresa sinta as dores de ser a maior produtora de minério de ferro do mundo.
Em relatório assinado pelo analista Luiz Caetano, a corretora Planner projeta um balanço com queda nos principais números da Vale. Para a corretora, a receita líquida deve ficar em 10,877 bilhões de dólares, uma queda de 34% sobre o terceiro trimestre do ano passado.
Já o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) estimado pela Planner é de 3,957 bilhões, um recuo de 59% sobre o mesmo período de 2011. A margem de ebitda baixaria de 59% para 36%. Já o lucro líquido projetado, 1,603 bilhão de dólares, é 68% inferior aos 4,935 bilhões que a Vale obteve no período de referência.
Demanda fraca
A Vale não vai apenas faturar menos. Suas vendas físicas, segundo a Planner, também devem vir menores neste trimestre. A corretora projeta um volume de vendas de minério de ferro de 66,379 milhões de toneladas – 1% menor que o do período comparado.
O primeiro motivo para a deterioração dos resultados, segundo o analista, é a queda das cotações do minério nos últimos meses. No mercado spot (à vista) da China, o principal comprador da Vale, a tonelada de minério caiu para 86,70 dólares no início de setembro. Na média, o preço do minério de ferro ficou 36,2% inferior ao do terceiro trimestre de 2011.
Mais um motivo é que outros metais com que a empresa trabalha, como cobre e níquel, também viram suas cotações caírem nos últimos meses. Segundo a Planner, o preço médio do cobre recuou 1,2% na Bolsa de Londres. Já o níquel caiu 1,1%.
Disputa fiscal
Um terceiro fator é o impacto das pendências fiscais. No terceiro trimestre, a Vale elevou em 1,1 bilhão de reais (cerca de 542 milhões de dólares) as provisões para o eventual pagamento da CFEM (Contribuição Financeira para Exploração de Recursos Minerais). Essa medida também vai pesar na última linha do balanço da vale, segundo a corretora.
O pessimismo com a Vale no curto prazo é compartilhado pelo Itaú BBA. Em relatório assinado pelos analistas Marcos Assumpção e André Pinheiro, a instituição afirma que confia nos fundamentos da mineradora no longo prazo.
O Itaú BBA ressalva, porém, que no curto prazo “a Vale vai enfrentar um cenário desafiador, dada a expectativa de desaceleração do PIB chinês e do crescimento da demanda de aço, aliada à frágil perspectiva da demanda global por aço.”
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